Distúrbios Reprodutivos em Psitacídeos

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Caso Completo

As aves fêmeas geralmente entram em período reprodutivo no período da
primavera e não é diferente com os psitacídeos, principalmente por conta do aumento do
período de luz nessa estação do ano. Esse estímulo é importante para que seu organismo
inicie a produção de ovos, porém os animais que são criados em cativeiro não só são
influenciados pelo foto período natural(sol) mas também por luzes artificiais(domiciliar)
que fazem o papel do estímulo natural. Isso induz a atividade hormonal errônea e faz
com que as aves botem ovos em períodos intermitentes conforme recebem o estímulo,
normalmente estímulo exagerados fazem com que botem o ano todo acarretando
distúrbios reprodutivos como a distocia. Esses animais que vivem em ambiente
domiciliar podem receber maior estímulo luminoso (mais que 12 horas) mesmo em
épocas de pouco sol, portanto a luz artificial influencia de maneira direta a postura de
ovos. Outros fatores diversos, entre eles a formação de casais compatíveis, maturidade
sexual, disponibilidade de ninho, suplementação nutricional, condição sanitária
adequada, ambiente calmo e tranquilo com poucos ruídos também favorecem a postura.

Calopsitas fêmeas por exemplo, poderão fazer postura de ovos mesmo na
ausência de machos ou ninho, quando são muito próximas de seu criador. Contudo,
quando o tutor, na melhor das intenções, retira o ovo da ave, uma vez que não está
fecundado ou não pretende reproduzir, a ave continua a fazer a postura, até o seu
esgotamento energético.

Portanto, recomenda-se deixá-la com acesso a esses ovos para completar seu
ciclo reprodutivo. Comumente, a postura é feita em dias alternados, mas algumas
espécies podem apresentar intervalos maiores entre posturas, que chegam a 5 dias. O
tamanho da prole é de um a três filhotes na maioria das espécies, podendo ser maior em
espécies menores como, por exemplo, a calopsita.

Problemas podem ocorrer nessa fase de postura e agora vamos falar de um deles.
Retenção de Ovo:

A retenção de ovo ou distocia ocorre quando este não passa pelo oviduto no
período normal. Vários fatores podem estar envolvidos, a causa por deficiência
nutricional como déficit de cálcio e Vitamina A, estresse, obesidade, problemas
reprodutivos crônicos como malformação dos ovos e problemas sistêmicos.

A distocia é comumente observada em calopsitas e periquitos australianos com
produção excessiva de ovos, além disso, aves muito jovens ou com idade avançada são
mais frequentemente afetadas. Quando necessário, a ave deve ser internada em gaiola
ou incubadora em ambiente calmo e com pouca luminosidade, onde deve receber
aquecimento e umidade adequados e terapia de suporte com medicamentos específicos e
alimentação forçada(via sonda).

Os sinais clínicos incluem alteração na postura, depressão, esforço excessivo,
dificuldade respiratória, distensão abdominal, sangramentos, ausência de fezes e
dificuldades de locomoção.

O diagnóstico sugestivo é com base nos sinais clínicos e no exame físico do
paciente. Contudo, ovos de casca mole são difíceis de sentir na palpação, assim, exames
complementares são essenciais para confirmação do diagnóstico como a radiografia da
cavidade celomática, é fundamental para correta avaliação do caso e a ultrassonografia
contribui na diferenciação das estruturas comprometidas.

Em determinados casos, a ave pode apresentar angústia respiratória, o que
representa uma situação de emergência, exigindo estabilização do paciente e
intervenção cirúrgica imediata podendo ser realizada a ovocentese (por drenagem) ou
celiotomia por acesso ventral na cavidade para a remoção do ovo.
Referência: CUBAS, Z.S., SILVA, J.C.R., CATÃO DIAS, J.L. Tratado de Animais
Selvagens. Ed Roca. 2006

CASO CIRÚRGICO

Chegou para atendimento na clínica GaiaVet a “Luca”, uma agapornis com 1
ano de idade pesando 52 gramas.

Sua tutora queixava-se que a Luca estava meio
tristinha, comendo menos e com de dificuldade na
locomoção.

Após a consulta foi solicitado uma radiografia da
cavidade celomática pois haviam sintomatologia e
evidências de um ovo retido no oviduto.

No resultado do exame foi identificado o ovo , sendo assim foi
repassado pra tutora os possíveis caminhos a seguir, assim decidiu não intervir
cirurgicamente no momento e fazer um tratamento em casa para a expulsão do ovo.

Porém após alguns dias o estado clínico da Luca piorou e sem sucesso na
postura do ovo a tutora preferiu optar por retirar cirurgicamente.

No retorno à GaiaVet foi realizado uma nova radiografia então tivemos uma
surpresa, a radiografia evidenciava que o ovo havia rotacionado, virando com a ponta
para cima, ou seja, o processo de postura natural seria muito difícil ou impossível de
acontecer.

“É uma cirurgia que necessita de anestesia geral, logo gera risco, neste caso o
risco maior é esse ovo romper ainda na paciente, o quadro clínico dela só
piorava, não tínhamos como esperar.”
-Comentou Prof. M.V Esp. Fábio Franco.

A Luca foi encaminhada ao Centro Cirúrgico para o procedimento contando com
uma preparação térmica e recebendo medicamentos pré anestésicos. Quando estava
pronta recebeu anestesia inalatória, muito mais segura para a paciente

O procedimento transcorreu sem intercorrências, como esperado a paciente teve
um pouco de dificuldade de respirar pelo fato da pressão interna se alterar bruscamente,
porém foi muito bem contornado com ventilação mecânica e oxigenioterapia.

A técnica de ovocentese transcloacal foi a escolhida para este caso, a
recuperação foi bem satisfatória com a paciente mantendo a temperatura corpórea e
demonstrando seu comportamento natural como de limpeza das penas e buscando
alimento.
“A recuperação é bem satisfatória, na maioria dos casos o paciente recebe alta
no mesmo dia e pode continuar o tratamento em casa seguindo algumas
recomendações é claro.”
-finaliza, Fábio Franco.

No mesmo dia Luca foi pra casa, sua tutora foi orientada e seguiu todas as
recomendações do tratamento, hoje a Luca está bem e feliz graças a atenção que
recebeu da sua tutora e da equipe GaiaVet.

Dica GaiaVet:
Esteja atento á anormalidades no comportamento da sua ave, um check-up semestral
pode prevenir vários problemas.
*Publicação autorizada pela tutora do animal.
*Conteúdo desenvolvido por Eduardo KFouri Pala, aprimorando do 9º período do curso de Medicina
Veterinária na faculdade UNIRP.
*Supervisão Prof. M.V. Esp. Fábio Franco

Perguntas Frequentes

Nunca administre qualquer tratamento sem antes consultar nossos veterinários. Confira abaixo às perguntas mais frequentes em nossa clínica, ou acesse nosso blog.

Quando devo levar meu pet ao veterinário?2019-09-11T15:08:46-03:00

– Os pets exótico e selvagens devem visitar o veterinário especialista pelo menos 2 vezes ao ano. De preferência, no período que antecede o inverno e o verão. Assim, o animal será preparado para a transição de estação.

Posso dar banho em Coelhos e Porquinhos da Índia?2019-09-11T11:12:57-03:00

– Não, porque os animais podem entrar em estado de choque causado pelo estresse, e consequentemente, ser levado a óbito. Salvo em exceção, os animais podem tomar um banho higiênico para o tratamento de doenças infecciosas.

Posso tosar meu coelho?2019-09-11T15:15:30-03:00

– Depende! Os coelhos fazem uma autolimpeza que remove todo excesso de pelos. Já os animais com muito pelo, é recomendado uma tosa higiênica.

Posso cortar o bico do meu passarinho?2019-09-11T11:48:35-03:00

– Não! A anatomia das aves são naturais e não devem ser alteradas. O próprio animal faz o desgaste em poleiros de madeira e pedras próprias. Saldo em condições que os animais apresentam um aumento anormal do bico, onde o especialista fará o remodelamento da anatomia da ave.

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2020-05-31T08:58:20-03:00
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